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Ansiedade e estresse podem explicar crença em conteúdo falso, dizem especialistas

  • fontes: G1
  • 15 de ago. de 2018
  • 3 min de leitura

O fenômeno dos conteúdos falsos, ou "fake", tem levantado discussões em todos os ramos de especialidade -- inclusive na psicologia. Especialistas presentes em Congresso da Associação Americana de Psicologia, que acontece até o dia 12 de agosto em São Francisco (EUA), também estão desenvolvendo estudos na tentativa de entender o porquê somos suscetíveis aos relatos e às histórias mentirosas.

Psicólogos acreditam que, para evitar estresse e processos ansiosos, as pessoas tendem a acreditar em conteúdos que não abalem o seu sistema de crenças -- independentemente delas serem verdadeiras ou não. Ainda, para corroborar o que acreditam, elas podem recorrer igualmente à ficção e à realidade

.

O fenômeno é também conhecido como "viés da informação" - e diz respeito à tendência que todos nós temos de aceitar os relatos que confirmam nossas crenças, enquanto rejeitamos e ignoramos aquilo que contraria aquilo em que acreditamos.

Cristiano Nabuco, psicólogo e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), explica que o processo é conhecido como "teoria da dissonância cognitiva". Grosso modo, segundo a teoria, para evitar abalar o seu sistema de crenças, o indivíduo tende a não escutar o que o outro diz para não desconstruir o mapa mental que sustenta sua identidade. O psicólogo explica a formação desse "mapa":

Como o mapa mental é formado

  1. De 0 a 7 anos, a criança recebe os primeiros pacotes de informação passivamente;

  2. De 7 a 14 anos, ela começa a validar todo o processo de informação que recebeu;

  3. A partir dos 14 anos, os jovens percebem que muitos desses valores não servem: ou seja, não estão em consonância com aquilo que vivem ou sentem. Com isso, elas começam a criar o seu próprio mapa pessoal. "Mas esse processo de refutação não é simples. O mapa pessoal vai ser mesclado com o antigo, em uma consonância cognitiva", diz Nabuco.

Apesar das informações passarem por um crivo na adolescência, dizem especialistas, muitas dessas crenças adquiridas na infância permanecem, vão para um plano do inconsciente -- e não passam por um bom exame crítico na idade adulta.

"Na medida em que que as pessoas atingem a idade adulta, muitas dessas falsas crenças e preconceitos formados quando crianças, em vez de receberem um bom exame crítico, são simplesmente aceitas e continuam a influenciar como ela percebe o mundo", citou Mark Whitmore, pesquisador da Universidade de Kent, presente no congresso da Associação Americana de Psicologia.

Segundo Nabuco, depois desses processos, o indivíduo que não aprendeu a ser flexível, vai fazer de tudo para que outras informações não coloquem em risco o seu processo de coerência interna.

"Para não ter uma dissociação cognitiva, alguns indivíduos tendem a não escutar o que está sendo dito. A pessoa simplesmente nega aquilo que está ouvindo para não colocar em risco o seu processo de coerência interna" -- Cristiano Nabuco, psicólogo e pesquisador na Universidade de São Paulo.

E como os conteúdos falsos entram nesse processo? Segundo Whitmore, as crenças da infância servem como uma estrutura para o processamento de informações na vida adulta. Para isso, ele diz, não vai interessar se o relato é falso ou verdadeiro.

"Na tentativa de confirmar ideias preconcebidas, uma pessoa pode recorrer à ficção e à realidade para preservar essas crenças" - Mark Whitmore.

Para Whitmore, a internet apenas agravou o problema -- aumentando a escala de histórias recebidas, já que as informações vêm agora de diferentes emissores. Outro ponto é que, na rede, as mensagens são simultâneas e contraditórias.


 
 
 

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